Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
O Governo federal fez grande barulho ao anunciar medidas de desoneração pontual ao setor sucro-alcooleiro. Zerou o Pis-Cofins na produção do etanol e abriu novas linhas de crédito subsidiadas no BNDES para estocagem do produto. O pacote inclui o aumento na mistura à gasolina, de 20 para 25% em etanol. O setor produtivo de etanol estima que a produção deste ano, de 25 bilhões de litros, dará conta do recado, sem riscos ao abastecimento. O governo continua na sua toada desde o início do ano, voltado a colher resultados favoráveis no IPCA de 2013, que permanecerá muito pressionado por fatores de custos; portanto, qualquer décimo de percentagem de ganho no índice de preços passa a ser relevante, como é o caso no aumento da mistura de combustível para 25% em álcool.
O setor produtivo de etanol tem outras contas sobre o pacote. E vê com bem menos entusiasmo o panorama à frente. Não é garantido que o ganho de zerar o Pis-Cofins seja capturado pelos produtores do combustível verde. A medida de crédito farto também chega tarde para muitos que não têm mais uma ficha de crédito em condições de acessar a linha especial do BNDES. O mais provável é que esse crédito subsidiado seja capturado por quem já têm outras fontes. Mais importante: o pacote do governo não mexe de modo relevante com os preços relativos na relação entre gasolina e etanol, ou entre açúcar e etanol. Ou seja, o pacote não tornou mais interessante investir em etanol daqui para frente. Trata-se de mais um remédio para passar 2013 e de chegar a 2014.
Ed.171