Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
Parece até notícia forjada. Mas é verdade. A Missão Orbital a Marte (MOM – Mars Orbiter Mission) iniciada em 01 de dezembro de 2013, quando partiu o foguete indiano em direção ao planeta vermelho, cruzando 100 milhões de km em nove meses foi concluída com duplo sucesso, ontem, quando o satélite indiano entrou na órbita de Marte, despregando-se da nave principal. O primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, comemorou como um dia histórico. A Índia conseguiu o que nem China ou Japão ainda alcançaram. Apenas os EUA (3) e Europa (1) têm satélites orbitando Marte. Trata-se de uma missão cheia de desafios tecnológicos enfrentados pelo ISRO (Indian Space Research Organisation).
O mais surpreendente é os indianos haverem vencido o desafio financeiro e burocrático dessa missão espacial – problema de qualquer economia emergente – de realizar tal façanha com um orçamento infra curto de US$ 72 milhões. O recente filme “Gravidade”, com George Clooney e Sandra Bullock, uma ficção espacial, custou mais caro. A última missão a Marte dos americanos, que chegou lá na semana passada, custou-lhes US$ 671 milhões. O programa indiano foi muito criticado com os argumentos de sempre, quantas escolas ou hospitais poderiam ter sido construídos. Óbvio equívoco dos críticos, já que a pesquisa e a inovação têm que avançar junto com os programas sociais. Tanto mais se são realizadas de modo tão eficiente na ótica financeira. Em contrapartida, no fim do ano passado, o Brasil tentou orbitar em volta da Terra um satélite sino-brasileiro (CBERS 3), lançado de uma base chinesa. Mas a propulsão falhou. Foram perdidos R$ 160 milhões. Realmente, o desafio competitivo do Brasil na corrida por uma projeção tecnológica mundial, em especial no conjunto dos BRICS, é enorme.