Por Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores
A produção industrial recuou 0,3% em abril frente a março na série livre de influências sazonais. Em relação a igual mês de 2013, houve queda de 5,8%, o maior declínio desde setembro de 2009. Neste ano o setor já acumula queda de 1,2% frente ao primeiro quadrimestre do ano passado. Outro indicador que demonstra a desaceleração da indústria é o crescimento acumulado nos últimos 12 meses, cuja variação em abril atingiu apenas 0,8%, contra 2,1% registrado em março.
O segmento que mais tem sofrido é o de Bens de Capital. Após o segmento apresentar sensível crescimento em 2013, este ano já acumula retração de 4,8%. As incertezas que rondam a economia em ano eleitoral contribuíram para que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), recuasse em maio para 48 pontos. Este é o menor nível desde janeiro 2009. O maior pessimismo já se refletiu nos investimentos, que segundo o IBGE recuaram 2,1% no primeiro trimestre. Os demais segmentos também têm sofrido, principalmente os eletro intensivos, que com o aumento da tarifa de energia tiveram severas dificuldades de manter a produção. Apesar da perda de ímpeto das importações, as vendas externas não conseguem decolar em meio a um mercado cada vez mais competitivo. Sem uma agenda politica industrial ampla que atue efetivamente no cerne do problema, o cenário para o setor será cada vez mais desafiador, não só em 2014.