Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A inflação medida pelo IPCA variou em 6,3% em 12 meses, resistente e muito próxima ao limite que constrangerá o BC a acionar a bomba da alta de juros. Essa ameaça tem aterrorizado o governo, que reagiu, desde o ano passado, atuando na ponta dos preços finais, de modo a desonerar os itens que mais pesam nos diversos núcleos de inflação. A atuação direta sobre o IPCA fez, em 12 meses, os núcleos de transportes e habitação, por exemplo, crescerem só 1,7% e 2,9% respectivamente. Mas nos segmentos menos administrados o panorama é ruim: alimentos e bebidas crescem 12,5%, despesas pessoais 10,7%, dois exemplos de núcleos muito acima da média de 6,3% do IPCA geral.
Querer administrar inflação pelos resultados dos índices nos remete aos piores momentos dos anos oitenta. O governo já extraiu quase tudo que podia da parte administrada do índice composto de inflação, porém amarga altas insuportáveis nas partes não administradas. Além disso, as variações mais recentes nos núcleos administrados estão mostrando mau comportamento e podem trazer pressão adicional. Dilma se reuniu com três renomados economistas. Mesmo que fossem trezentos, não seriam capazes de contornar as pressões de inflação que vêm pela frente.
Ed.160