Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
O Banco do Japão anunciou uma "nova fase de afrouxamento monetário”. Em dois anos, pretende dobrar a base monetária em ienes. Com mais liquidez o Japão espera se livrar da crônica deflação de preços que segura a produção e valoriza o iene, roubando poder de competição aos produtos japoneses no mundo. Essa medida reforça a meta do novo primeiro ministro Abe, que conduz sua reforma chamada de "três setas" - maior emissão de moeda, mais estimulo fiscal e reformas estruturais competitivas - de conseguir provocar uma inflação de até 2% ao ano. Hoje, o Japão convive com pequena deflação.
Bom para eles, se a política bernankiana que adotaram der certo, mas não tão bom para os Brics, em particular para o Brasil. Contra uma cesta de moedas, na qual também está o iene, a moeda brasileira ficou um pouco mais cara a partir do anúncio da política de afrouxamento japonesa. O Japão acentua sua aliança com os Estados Unidos e sincroniza seu afrouxamento monetário com a possível diminuição do afrouxamento nos EUA. Com isso, os dois países retomam o embalo da economia mundial contra a ameaça maior de uma acentuada recessão europeia. Nesse jogo mundial, o Brasil é um jogador fraco e distanciado das grandes decisões, por ser um país de políticas atrasadas, como o manicômio tributário, e de infraestrutura ultrapassada, que faz filas de caminhões para embarcar commodities agrícolas. Nosso poder de competição se esvai na nova guerra cambial do mundo.
Ed.158