Por Marcel Caparoz, da RC Consultores
O baixo crescimento econômico do país já começa a afetar diretamente as empresas de capital aberto. O lucro do 3º trimestre de 2014 das companhias abertas retraiu cerca de 25% frente ao mesmo período do ano anterior (sem considerar Vale, Eletrobras e Petrobras). Enquanto os custos cresceram em média 11,6% no período, as receitas líquidas subiram menos que isso (9,7%), resultando num crescimento menor do lucro operacional das empresas, que no trimestre avançou apenas 4,4%.
E não foi apenas a menor demanda interna e os elevados impostos que influenciaram o resultado ruim das empresas no trimestre. A elevação dos juros e a forte desvalorização do real frente ao dólar dos últimos meses impactaram diretamente os resultados. Todos os setores foram afetados. Aqueles com maior exposição ao dólar, como as exportadoras de commodities e de manufaturas básicas, por exemplo, sofreram com o aumento da dívida financeira, que é determinada em dólares. Já os setores voltados a obras de infraestrutura e concessões são atingidos pela elevação dos juros e a consequente alta dos custos de financiamento. Quem menos apresentou fraqueza no trimestre foi o setor ligado ao consumo interno, com destaque para aqueles de bens de primeira necessidade, como alimentos, que ainda apresenta resistência frente ao baixo dinamismo econômico. Mas isso não é garantia de um futuro próspero. O poder de compra das famílias está se deteriorando, com menor ritmo de crescimento dos salários e inflação persistentemente alta.