A última reunião do Fed realizada em março deixou os agentes econômicos em dúvida sobre quando ocorreria a elevação dos juros básicos da economia americana. A sinalização foi a de que o aumento até poderia já acontecer em junho, mas a intensidade da alta deveria ser menor. No comunicado ao mercado, a presidente do Fed retirou do discurso as expressões que davam alguma segurança de que o banco central americano continuaria sendo ‘paciente’ antes de elevar os juros.
Mas de lá pra cá o cenário se modificou, e alguns dados econômicos decepcionantes foram divulgados sugerindo que a economia americana perdeu força no início de 2015. A ata do Fed divulgada ontem parece ter assimilado as mudanças e arrefeceu a possibilidade de aumento dos juros básicos já no primeiro semestre. Alguns analistas inclusive já trabalham com a possibilidade de que os aumentos somente ocorram em 2016.
A ata foi redigida em tom menos otimista destacando a valorização recente do dólar perante as demais moedas e seus efeitos sobre as exportações do país, uma das grandes impulsionadoras do crescimento da economia americana. O menor crescimento esperado aliado a números mais fracos no mercado de trabalho tendem a diminuir as pressões inflacionárias, reduzindo a necessidade de aumentos mais imediatos nas taxas de juros.
Para os mercados emergentes é uma boa notícia. A ata alimenta um maior apetite por risco dos investidores e traz alívios para as taxas de juros domésticas. Com a prorrogação, o Brasil ganha tempo para realizar os ajustes com mais tranquilidade. A manutenção das divisas internacionais possibilita certo afrouxamento para a política monetária e reduz as desvalorizações do cambio, um dos grandes pesadelos atuais para os altos níveis de inflação. Mais paciência na política monetária americana, menores expectativas de elevação de juros internos.