Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

As declarações amenizadoras de Bernanke, do FED, anteontem, desataram uma nova euforia sem precedentes nos aplicadores da Bolsa americana. O valor das empresas no índice S&P 500 atingiu a marca de US$ 15 trilhões, um recorde desde a virada para a crise em 2008. Apenas nesta última semana, noticia o FT, cerca de US$ 20 bi foram investidos em fundos de ações nos EUA, também um recorde desde 2008. Colaborou para o clima de euforia o anúncio recente de uma safra de grandes lucros pelo Goldman Sachs, JP Morgan e Morgan Stanley, três destacados sobreviventes da débâcle financeira americana. O medo de uma subida forte de taxas de juros nos EUA parece ter se dissipado por hora.

O paradoxo de toda essa euforia é que Bernanke veio ao Congresso para amenizar a interpretação de que o FED suspenderia já as compras de papéis que inundam o mercado de dinheiro, justamente com o argumento de enxergar que a recuperação americana ainda está “longe de ser satisfatória”. A bolsa comemora, portanto, uma notícia ruim – recuperação fraca nos EUA e desaceleração no resto do mundo. Aliás, mesmo nos EUA, uma notícia como a falência de Detroit, que acaba de pedir proteção falimentar ontem, seria outrora suficiente para detonar qualquer alta das bolsas. A RC Consultores antecipou essa possibilidade de falência no comentário do dia 06 de março de 2013. Acontece que vivemos o mundo da bolha monetária: quanto pior a situação, maior é a possibilidade de os bancos centrais emitirem dinheiro a rodo, que migra direto para mercados especulativos, como a bolsa, totalmente descolados das projeções de atividade econômica e emprego. Assim é a economia das bolhas.

Ed.230