Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores
Angela Merkel foi reeleita ontem para o seu terceiro mandato com 41,5% dos votos. Faltaram apenas cinco assentos para ela obter a maioria absoluta na câmara baixa do Parlamento, fato que não ocorre há mais de 50 anos. Em segundo lugar ficou o Partido Social Democrata (SPD), com 25,7%. Os verdes obtiveram 8,4% e o partido anticapitalista A Esquerda, 8,6%. O partido liberal FDP, que faz parte da atual coligação do governo, não alcançou o mínimo de 5% dos votos e não terá nenhum parlamentar. Também ficou fora do parlamento o recém-fundado Alternativa para a Alemanha (AfD), ultradireitista e antieuro. Esse resultado vai obrigar a premiê conservadora a negociar uma nova coligação, possivelmente com os social-democratas.
A vitória de Merkel a torna líder incontestável da Europa. No entanto, não terá vida fácil. Além da provável negociação com os social-democratas para uma coligação no parlamento ser complexa, ela enfrentará o desafio de continuar sendo a arquiteta da austeridade como resposta da Europa à crise. Tudo indica que haverá poucas mudanças em suas políticas na Europa, embora cresçam as críticas de uma “japanização” da zona do euro, na medida em que uma melhora da conta corrente, alimentada pela diminuição das importações nos países periféricos, em combinação com os fluxos líquidos de capital, aumenta a probabilidade do euro continuar a valorizar face às moedas dos seus principais parceiros comerciais. Desde o início do ano, o euro valorizou 2,46% face ao dólar e mais de 16% face ao iene, que tem desvalorizado após a tomada de políticas para combater a deflação que assola o Japão há anos. O perigo que a zona do euro fique amarrada a problemas de um crescimento fraco e uma inflação geral muito baixa com tendências deflacionárias em algumas partes da zona do euro, é real.
Ed.276