Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A justificada pressa do governo em destravar o nó da infraestrutura encontrou ontem seu primeiro sinal de resistência direta ao enfrentar as manifestações de sindicatos de trabalhadores portuários afetados pela MP dos Portos. A MP marcou até data limite de 60 dias – prazo apertado demais - para a realização de licitação de nada menos que 159 terminais portuários. O ministro-secretário Leonidas Cristino anunciou ontem que o mutirão de leilões começará por Santos e Belém e sob novas regras, que incentivam o menor preço de serviços e o maior volume de carga operada. As autoridades já reconhecem que não será possível cumprir o prazo heroico determinado na MP.
Esmiuçando a notícia, é perceptível a fragilidade do plano do governo: a MP enfrentará resistências no Congresso para ser aprovada mas, antes disso, defrontará clara oposição dos sindicatos com quem o governo não sentou para conversar e negociar. Nesse ambiente, e ainda criticado por intervencionismo e falta de planejamento, o governo Dilma terá dificuldade de motivar grupos empresariais fortes e confiáveis para assumir os portos. Começam os problemas por uma questão técnica preliminar, os acessos aos terminais portuários, estes sim, maior fonte de congestionamento no escoamento das mercadorias. Os acessos estão em outra parte do plano do governo, mas um não fala com o outro.
Ed.126