Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores
O Banco Central anunciou nesta manhã ajustes nas regras dos depósitos compulsórios. Os chamados depósitos compulsórios são parte do dinheiro depositado pelos clientes que os bancos são obrigados a recolherem aos cofres do BC. A autoridade monetária decidiu liberar até metade dos recursos relativos aos depósitos a prazo. Ou seja, em vez de ter de entregar ao BC, os bancos podem emprestar esse dinheiro ou até comprar carteiras de crédito de outros bancos. Esses ajustes podem injetar R$ 30 bilhões no sistema financeiro. A autorização tem prazo de um ano.
Em dezembro de 2010, o BC adotou um conjunto amplo de medidas macroprudenciais para conter o rápido avanço do crédito. Embora o argumento do BC para tomar essas ações de desmontagem das medidas macroprudenciais tenha sido que os depósitos subiram significativamente nos últimos anos, que houve moderação no crédito recentemente e que a inadimplência está em patamares baixos e o nível de risco no sistema financeiro diminuiu, o que se nota é que a preocupação com o lento crescimento do país foi o que levou o BC a tomar estas medidas para estimular a economia e aumentar o crédito disponível no mercado. O Ministério da Fazenda vem afirmando que a falta de crédito, sobretudo de financiamento a veículos, é um dos fatores que debilitam a economia. No entanto, as medidas anunciadas não garantem, necessariamente, uma melhora na expansão da economia. O momento atual não é de falta de liquidez, ou seja, dinheiro disponível no mercado. O momento é de um problema de confiabilidade. Os riscos de empréstimos aumentaram porque a economia está desacelerando. As medidas macroprudenciais também têm efeitos sobre a demanda agregada e sobre a evolução da inflação. Se o objetivo é estimular a economia através de aumento do consumo, essas medidas estão indo no sentido contrário à prioridade de combater a inflação.