Por Flávio Calife/Bruna Martins
Não está fácil entender os números do desemprego no Brasil. Em um único mês o IBGE divulgou três resultados diferentes, e todos podem ser considerados corretos.
A confusão começa pelo fato do IBGE atualmente possuir duas pesquisas sobre o mercado de trabalho, a Pesquisa Mensal do Emprego (PME) e a Pnad Contínua. A diferença metodológica mais evidente entre elas é a abrangência territorial: enquanto a Pnad realiza entrevistas em cerca de 3.500 municípios, a PME é restrita apenas a 6 regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte e Recife). Os indicadores da Pnad trabalham com o conceito de trimestre móvel, sendo o mês de referência o último disponível para análise, que neste caso é janeiro de 2016.
O trivial é a publicação mensal dos dados. Mas em março surpreendentemente tivemos duas divulgações da Pnad e uma da PME. No dia 15 de março foi divulgada a Pnad Contínua com dados sobre o desemprego de dezembro de 2015, no dia 23 de março a PME trouxe os dados de fevereiro de 2016 e no dia 24 a Pnad Contínua apresentou os dados de janeiro de 2016.
Por ser mais abrangente, a Pnad costuma trazer valores mais elevados para o desemprego. O último dado mostra uma taxa de desocupação de 9,5% no trimestre móvel encerrado em janeiro. A PME trouxe para janeiro uma taxa de 7,6%, mas já foi divulgado o dado de fevereiro (8,2%), indicando que provavelmente teremos aumento nos números da Pnad no próximo mês.
Para nosso alívio, a PME será descontinuada neste mês e a Pnad passará a ser a única fonte oficial brasileira sobre dados do mercado de trabalho a partir de abril. Se nada mudar até lá. O Brasil não é mesmo para principiantes.