Adequando-se às novas regras internacionais sugeridas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central do Brasil (BC), ao divulgar as contas externas referentes a março, alterou a metodologia estatística para apurar seu balanço de pagamentos - instrumento de contabilidade nacional que registra as relações comerciais de um país com o resto do mundo.
O novo manual, intitulado BPM6, altera alguns critérios de cálculo do Investimento Estrangeiro Direto (IED), passando a incluir empréstimos intercompanhias feitos por multinacionais brasileiras com operações no exterior para as suas filiais no Brasil dentro de uma nova conta, chamada Investimento Direto no País (IDP). Até então, esse fluxo de recursos era apurado sob o título Investimentos Brasileiros Diretos (IBD). Mais especificamente, o BC passou a incluir no IDP os lucros de multinacionais reinvestidos no país, e o reinvestimento de juros semestrais de títulos públicos pagos a investidores estrangeiros.
O que efetivamente muda no cálculo final é que o déficit em conta corrente aumenta quando comparado à antiga metodologia. Os resultados de 2014, por exemplo, passaram de US$ 91,288 bilhões (ou 4,19% do PIB), para US$ 103,981 bilhões (4,43% do PIB), na nova apuração. Esse nível eleva o Brasil ao terceiro lugar das economias mais deficitárias dentro da lista de 14 países que já incorporaram o BPM6, ficando somente atrás da África do Sul (5,4% do PIB) e a Colômbia (5% do PIB).
Para o término de 2015, a expectativa da autoridade monetária é que o déficit em conta corrente obtenha um recuo de aproximadamente US$ 20 bilhões frente a 2014. O resultado deverá refletir diretamente as expectativas de menor atividade econômica e forte desvalorização cambial, atingindo algo em torno de 4,42% do PIB, resultado praticamente idêntico ao do ano passado. Apesar da aparente piora, para as contas externas pelo menos a nova metodologia traz o mesmo prognóstico.