Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
Com o anúncio de uma intervenção sistemática da ordem de US$500 milhões por dia (4 vezes por semana) e desembolso estimado em cerca de US$50 bi até o final do ano, o BC brasileiro disparou suas “salvas” iniciais de artilharia pesada na guerra interna pelo resgate do controle cambial, mas sempre preocupado em não produzir mais “mortos” entre os bancos especuladores que se aventuram na ponta contrária. Nossa avaliação é que os capitais que não emigraram até agora, ao nível de R$2,40 por dólar, devem perder a pressa de fazê-lo. De fato, há um “novo câmbio”, como se diz do novo patamar da cotação: já não são R$2,00, muito menos R$ 1,80 (lembram-se que isso era consenso?). Contudo, o modelo cambial RC, que tem oferecido boas previsões sobre câmbio futuro, recusa-se a endossar os afoitos e suas previsões em torno ou até acima de R$2,50. Este seria o câmbio de equilíbrio se o País estivesse premido a gerar dólares para fechar os contratos de importação de amanhã. Não é o caso.
O novo patamar de câmbio gerou uma “nova política”, ao provocar o fim do longo ciclo de euforia da economia brasileira, que vem desde 2003. Isso, sim, é definitivo. Primeiro, por haver alterado para baixo as expectativas para 2014 sobre nível de atividade e investimentos. Segundo, por haver projetado para cima as expectativas de desconforto inflacionário, não tanto por aumento do nível da inflação quanto pelo impacto de futuras correções sensíveis, como combustíveis e de preços de produtos industriais, movidos pelo “novo câmbio”. Sempre que tal ocorreu, em 2002, por exemplo, houve troca da guarda, isto é, mudança da orientação política da sociedade, refletida nas urnas. O governo já sabe que 2013 se perdeu, mas ainda não realizou que 2014 será, no máximo, um empate. Crescem muito as chances de qualquer oposição, nacional ou estadual, mormente se vier trazendo novidade no discurso. E pouco importa as posições atuais nas prévias, ainda muito distantes do fato eleitoral de 2014.
Ed.255