Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

Esta semana ocorre em Bali mais uma rodada de negociação da OMC para tentar emplacar o que seria o primeiro acordo comercial global em quase 20 anos. Como era de se esperar, a dificuldade de um entendimento entre os países é muito grande. A Índia, com a prerrogativa de defesa do seu programa de segurança alimentar, endureceu ainda mais as negociações, sendo seguida por outros países da África e da América Latina, como Argentina e Venezuela. O resultado do encontro deverá ser conhecido até o próximo final de semana, mas seja qual for, terá implicações decisivas sobre o futuro do comércio internacional.

No entanto, o que tem chamado a atenção é o grande empenho dos países participantes em viabilizar acordos bilaterais de comércio. A formação de grandes blocos regionais de comércio, como, por exemplo, a TPP (Parceria TransPacífica) entre EUA, Japão e mais dez países poderá limitar ainda mais o mercado externo dos produtos brasileiros. Enquanto o mundo se move na direção de novos acordos e oportunidades de negócio, o Brasil se mantém paralisado. O Mercosul, que deveria ser um facilitador para o comércio brasileiro, tem se tornando cada vez mais um complicador. Um novo acordo de liberalização comercial entre União Europeia e Mercosul está na mesa, mas as chances de sucesso ainda são baixas. Chegou a hora do Brasil definir suas prioridades no cenário internacional e, mais importante ainda, exercê-las.

Ed.327