Por Flávio Calife
Sempre que perguntado sobre onde buscava inspiração para suas obras, o laureado escritor colombiano Gabriel García Márquez respondia taxativamente: está tudo lá. Ele se referia ao caos social, político, cultural e econômico com que a América Latina e, em especial, seu país, costumam conviver.
Sua vertente literária, que ficou conhecida como o realismo fantástico, tinha como uma de suas maiores características o interesse em mostrar o irreal ou estranho como algo cotidiano e comum. Um cenário onde fatos absurdos e inacreditáveis fazem parte do dia a dia.
O episódio político grotesco que o Brasil viveu ontem não foge dessa realidade. E as incertezas geradas por ele ainda devem se espalhar por um bom tempo sobre todos os agentes econômicos.
Na obra O general em seu labirinto, Márquez faz uma ficção sobre os últimos dias de vida de Simon Bolívar. O general está beirando a morte, sem amigos, poucos aliados e não é mais amado por todos, como em outros tempos, mas se recusa em se deixar vencer. O Brasil precisa rapidamente encontrar a saída de seu labirinto.