Por Flávio Calife/Yan Cattani
O lema estampado na bandeira brasileira desde 1889 foi inspirado no positivismo do filósofo francês Augusto Comte, “o amor por princípio e a ordem por base; o progresso como meta". Entre outras coisas, o positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro e que o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.
No campo da economia, Milton Friedman talvez tenha sido o mais importante seguidor da escola positiva que se baseou no ideário e no método de Comte, e se opunha à então classificada escola “normativa”. A economia positiva independeria, em tese, de qualquer posição ética especial, juízos normativos ou ideologias. Portanto, a ciência econômica deveria tratar sempre do que é, não do que deveria ser. O pragmatismo impera sobre o idealismo.
Em termos de previsibilidade, o pragmatismo costuma agradar mais os agentes econômicos. Em movimento de grande euforia, diversas instituições financeiras já começaram a traçar um cenário benigno para os próximos meses, distanciando-se consideravelmente das posições afirmadas há apenas algumas semanas. Há quem já mencione pequenas “revoluções”, como reforma do sistema previdenciário, da legislação trabalhista e até mesmo grandes reformas estruturais, como a do endividamento público dos estados e municípios.
É inegável que uma sinalização de ajustes econômicos pode afetar o ânimo do empresariado. Mas ainda é cedo para repensar um cenário tão otimista assim. O desafio das reformas depende nas atuais circunstâncias de um grande arranjo de negociações políticas. Literalmente, botar a casa em ordem. Assim, talvez, caminharemos na direção do progresso.