Bruna Martins
O ano mal começou e os desafios para 2016 já foram anunciados. De acordo com o relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central, as expectativas do mercado iniciaram o ano piores que as do ano anterior: a atividade econômica brasileira deverá enfrentar mais um ano de recessão, a política monetária apresentará pelo menos mais um ciclo de aperto e a inflação ficará acima do teto da meta.
Este cenário, apesar de semelhante ao final de 2015, pode ser considerado pior. Após um ano de resultados negativos para as variáveis macroeconômicos, enfrentar mais um ano ruim pode agravar as variáveis que passaram despercebidas pela crise – ou pelo menos que não foram tão prejudicadas. É o caso do mercado de crédito.
Apesar da desaceleração do crescimento do saldo de crédito, do aumento dos juros e da inadimplência, essas mudanças não afetaram os resultados do setor. Como o mercado já esperava, houve uma alocação de recursos para outras fontes – tesouraria, por exemplo – e um aumento de provisões para essas perdas.
Entretanto, um novo ciclo de empréstimos já se iniciou, mais arriscado. Com a retração da atividade econômica, as empresas recorrem aos empréstimos a fim de compensar a queda do fluxo de caixa. Devido ao encarecimento do crédito e à maior seletividade dos concedentes, as empresas encontram dificuldade em quitar suas dívidas.
Os consumidores também estão com o orçamento mais apertado. Com o mercado de trabalho desaquecido, o aumento dos juros e da inflação corroem a renda das famílias, que procuram por crédito para pagar suas contas correntes. Embora a demanda por crédito continua em queda, estes novos empréstimos tendem a ser concedidos para pessoas mais arriscadas, pois são as poucas que ainda procuram crédito.
O ambiente é perigoso e deve perdurar todo o ano. Os concedentes devem calibrar suas políticas de concessão a fim de minimizar as perdas.