Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Faz uma década que os preços de commodities apresentam alta sem precedentes. O ouro puxou esse movimento especulativo, multiplicando seu valor em dólares num múltiplo de cinco vezes. O petróleo chegou a triplicar de preço. Variadas commodities minerais e agrícolas duplicaram ou triplicaram seus preços. A novidade do mercado é o recuo, primeiro tímido, no ano passado, e agora acentuado, da cotação do ouro. O metal abriu hoje em queda de 5%, trazendo outros metais, como prata, a recuar 10% num pregão. Vários analistas de bancos mudaram rapidamente de opinião, de altista para baixista, nas últimas semanas. O ouro atingiu sua máxima em setembro de 2011, de US$ 1920 por onça. Desde então, teve quedas em patamares até embicar para os US$ 1384 de hoje.

Os comprados no metal esperavam ver os efeitos do aumento dramático da liquidez monetária se perpetuarem em altas sucessivas de preços de commodities. O momento está se mostrando mais deflacionário. Desapontamento com o PIB chinês, que "só" cresceu 7,7% no primeiro trimestre deste ano sobre o igual período de 2012, é apontado como motivo do derretimento dos preços de ouro, petróleo etc. As moedas de países exportadores também começam a sentir. De fato, a menor velocidade de circulação da moeda predomina sobre os efeitos inflacionários das crescentes emissões. Para o Brasil, pode significar uma queda surpreendente na receita de commodities, pelo recuo de preços, caso a deflação do ouro se alastre. Sinal de alerta ligado para os agricultores brasileiros. Menor ênfase, contudo, para a inflação interna.

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