Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores
A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgada ontem apontou que a meta de 4,5% para a inflação só será atingida em 2016. O Copom sinaliza que não há intenção, no curto prazo, de mudar a estratégia da política monetária. A palavra “resistência”, que era usada pelo Comitê desde janeiro como parte das justificativas para o aumento dos juros, foi suprimida. Agora o Banco Central avalia que a inflação continua elevada, mas não mostra mais “resistência”.
O BACEN acredita que a fraca atividade da economia ajuda a reduzir a força da inflação. Neste cenário, é provável que a taxa Selic de 11% seja mantida por um período longo de tempo. De fato, a elevação da taxa de juros para segurar a inflação de demanda disparada pela política do governo de incentivo ao consumo já cumpriu, em grande parte, sua missão. As despesas do governo, fora de controle, estas sim, continuam pressionando a demanda. Os juros altos não controlam gastos públicos nem o excesso da demanda pelo governo. Pelo contrário, elevar mais os juros seria aumentar o problema, pelo lado do gasto financeiro extra. Além disso, há uma inflação de custos, que parece não ser percebida pela autoridade monetária, e que se acentua com os juros elevados. Em boa hora o BACEN resolveu pisar no freio da alta da Selic.