Os ajustes econômicos finalmente começam a surtir maiores efeitos na economia. Segundo o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) retraiu 1,9% no 2º trimestre de 2015 na análise contra o trimestre imediatamente anterior, com os dados dessazonalizados, atingindo R$ 1,428 trilhão no período. O resultado veio praticamente em linha com as expectativas de mercado, que previam retração de 1,8% na análise trimestral com ajuste sazonal.
A depreciação cambial mostra grandes efeitos na análise do setor externo: enquanto as exportações crescem pelo segundo trimestre consecutivo, impulsionadas pelo efeito do preço dos bens exportados, as importações encareceram consideravelmente e passaram a cair de forma vertiginosa neste segundo trimestre, com seu nível retornando a um patamar próximo ao observado ao longo de 2010. O ajuste fiscal, por sua vez, ainda não mostrou-se de forma efetiva nos dados de consumo do governo e produzirá maiores efeitos provavelmente somente a partir do próximo trimestre, o que deverá perdurar até meados de 2016.
Contudo, o principal efeito observado na economia entre todas as variáveis de ajuste econômico foi realizado pela política monetária. O ciclo de alta dos juros, além de produzir efeitos negativos sobre os investimentos, impactou de maneira ainda mais expressiva o consumo, freando de maneira consistente o principal componente do PIB pelo lado da demanda. Com queda de 2,1% no trimestre, este foi o pior resultado neste tipo de comparação desde o 1º trimeste de 1997, quando caiu 2,5% – valor, inclusive, superior ao registrado no auge da crise financeira de 2008, deflagrada no último trimestre daquele ano.
A queda do consumo afeta diretamente uma de suas principais contrapartes analisadas pela ótica da oferta, o setor de serviços. Considerado a principal divisão neste tipo de abordagem, o setor intensificou sua queda, passando de 0,2% no primeiro trimestre para atuais 0,5%, na avaliação acumulada em 4 trimestres. Tal desempenho é influenciado fortemente pelo gradual ajuste de estoques realizado nos últimos meses, considerados altos por muitas empresas em diversos segmentos, sobretudo para o comércio, que já amarga queda de 4,6%. É, sem dúvida, um ano difícil para muitos empresários, mas com certeza, um ano ruim para o varejo, acostumado de certa maneira com a bonomia econômica.