Por Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores
O Tesouro Nacional tem tido dificuldades para rolar sua dívida. Com o aumento da percepção de risco em relação ao Brasil, a emissão de novos papéis não tem sido suficiente para cobrir os resgates. Até a segunda quinzena houve um resgate líquido da dívida pública mobiliária de R$ 167 bilhões. Este será o segundo ano consecutivo que os resgates do Tesouro superarão as colocações. Em 2013 o saldo foi negativo em R$ 87 bilhões.
A piora do quadro fiscal tem diminuído o apetite dos investidores pelos papéis do governo brasileiro. Mesmo oferecendo um dos maiores retornos em todo mundo, a indefinição em relação à nova equipe econômica e a deterioração do quadro econômico têm feito com que os financiadores exijam retornos cada vez maiores e prazos menores. Um exemplo é a NTN-B 2050, título pós-fixado atrelado à inflação, cujo retorno real apenas na última semana subiu 0,18 p.p., alcançando 6,53%. No dia 13/10 a taxa de venda estava em 5,65%. A mudança do perfil da dívida trará ainda mais dificuldades para o já apertado orçamento da União. Caso não haja uma reversão rápida da trajetória negativa dos indicadores fiscais e um maior controle da evolução dos gastos públicos, a nova equipe econômica terá dificuldades para resgatar a confiança do mercado e empresários. O risco de um rebaixamento da dívida soberana tende a aumentar, o que dificultaria ainda mais a capacidade de financiamento tanto do governo como das empresas brasileiras.