Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O Fed anunciou ontem que a injeção diária de liquidez na economia americana, via compra de ativos, será de US$ 55 bilhões, diminuindo assim em US$ 10 bilhões os recursos injetados até agora. A presidente do Fed, Janet Yellen, sugeriu que as taxas de juros nos Estados Unidos podem subir mais cedo do que era esperado pelo mercado, em torno da metade de 2015. Tal expectativa é em função do tempo considerável existente entre o fim do programa de compra de ativos – que durará até setembro ou outubro se o ritmo atual de redução não sofrer grandes alterações – e a primeira subida das taxas de juros, algo em torno de seis meses. No entanto, a presidente do Fed considerou que essa avaliação irá depender “das condições da economia americana e de como estará o mercado de trabalho”. É importante destacar que Yellen fez a observação de que embora haja uma queda na taxa de desemprego, há outros dados sobre o mercado de trabalho que dão sinais de preocupação e que justificam a manutenção de uma política monetária favorável para o médio prazo. Além disso, Yellen anunciou a adoção de novos critérios, além do principal até agora, a taxa de desemprego, para conduzir a evolução da taxa de juros, como indicadores sobre condições do mercado de trabalho e de inflação.

A mudança na expectativa do mercado do ritmo de alta dos juros teve impacto imediato sobre o rendimento de títulos do Tesouro americano com prazo de dois anos, que registraram forte alta logo após a entrevista da presidente do Fed. Os mercados irão se ajustar. As taxas de juros nos mercados monetários e da dívida aumentarão, as ações recuarão, assim como as obrigações das empresas. As moedas dos países emergentes sofrerão desvalorização, mas não só, o euro também deve se ajustar após vários meses consecutivos de valorização em relação ao dólar. As commodities também devem ter seus preços desvalorizados.

Ed.384