Por José Valter Martins de Almeida e Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
O valor do barril de petróleo continua a recuar. O mercado do Brent recua pela sexta sessão consecutiva, permanecendo abaixo da marca dos US$ 60, a US$ 59,47 / barril. O movimento da continuidade de queda foi reforçado hoje depois do Ministro de Energia russo afirmar que manterá os níveis de produção de petróleo em 2015 em linha com os deste ano, acentuando a convicção de excesso de oferta do petróleo no mercado.
A queda acentuada do preço do barril de petróleo traz mais um elemento à já instalada crise no setor sucroalcooleiro. A oferta global no mercado de açúcar bem maior que a demanda mantém os preços da commodity pouco atraentes para remunerar o setor. O alto endividamento das usinas brasileiras tem levado muitas empresas a fechar unidades e pedir recuperação judicial. Os preços estagnados da gasolina ao longo dos dois últimos anos, por decisão política do governo, tiraram a competitividade das empresas produtoras de etanol. O preço baixo do petróleo continuará a impedir um reajuste da gasolina. Neste cenário, as usinas aguardam com expectativa duas medidas emergenciais que poderão dar algum fôlego ao caixa dessas empresas: a elevação da mistura do etanol dos atuais 25% para 27,5% na gasolina e o retorno da Cide, tributo sobre o combustível. Na verdade, essas medidas, ainda que adotadas, não resolverão os problemas do setor, que deve hoje 110% da safra. Ou seja, deve mais do que arrecada. Um passivo incompatível com a realidade do segmento. Uma vez mais a falta de planejamento de longo prazo pelo governo impede o setor de se organizar. Na ausência de um plano de viabilidade do negócio álcool restaria, como alternativa, a estatização branca do setor. Mas no momento nem a Petrobras, que vinha desempenhando parte desta tarefa, resta como opção.