Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

A cotação do petróleo WTI encerrou ontem no menor valor em mais de 6 semanas, a US$ 103,59, com queda de 6,3% em relação ao preço de 06 de setembro, quando a cotação atingiu a marca de US$ 110,53. Tal movimento é explicado em parte pela menor tensão no Oriente Médio, com chances cada vez menores de uma intervenção militar na região. Além disso, um provável avanço dos diálogos em relação ao programa nuclear iraniano na Assembleia Geral da ONU que começa hoje em Nova Iorque poderá deixar o mercado ainda mais baixista, uma vez que, sem os embargos, o Irã poderia adicionar ao mercado internacional pelo menos um milhão de barris por dia em alguns meses. Os contratos futuros refletem este cenário, registrando forte correção dos preços, com o vencimento do WTI para dezembro 2014 cotado a US$ 92,61. Em caso de confirmação deste preço futuro, teremos uma desvalorização de aproximadamente 11% em pouco mais de um ano.

Em meio a este cenário, a Petrobras deverá anunciar até o dia 1º de novembro o rompimento da sociedade com a venezuelana PDVSA no projeto da refinaria Abreu e Lima, no complexo portuário de Suape em Pernambuco, que já registra 4 anos de atraso e cujo orçamento já teve um surpreendente reajuste de 3,8 vezes do seu valor original (US$ 4,5 bi), tendo um custo estimado hoje de US$ 17 bi. Se já não bastasse o sacrifício de recursos que a Petrobras direciona para as importações de derivados de petróleo, agora ela terá mais esse peso para suportar. A geração de caixa da companhia será ainda mais prejudicada num cenário de baixa dos preços do petróleo, fato que já está no radar após o boom produtivo do xisto norte americano. O pré-sal exigirá enormes quantias de recursos para o seu total desenvolvimento. Resta saber se teremos capacidade, e principalmente tempo, para usufruir dos seus sonhados benefícios.

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