Por Bruna Martins e Flávio Calife, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC.
Na noite de ontem, a Petrobras perdeu o grau de investimento após a agência de classificação de riscos Moody’s rebaixar o rating de crédito corporativo em dois graus, de “Baa3” para “Ba2”, passando para o grau de especulação.
O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou evitar o rebaixamento por meio de uma garantia por escrito de que a União socorreria a empresa em caso de default, mas não surtiu efeito. Desde o primeiro corte do rating no início do ano, a Moody’s tem alertado o governo sobre a possível perda de grau de investimento da estatal. Para a agência, a companhia aumentou seu risco devido aos escândalos de corrupção, à dúvida quanto a publicação das demonstrações financeiras de 2014 auditadas e ao alto endividamento da companhia.
Depois do rebaixamento, a credibilidade da Petrobras, que já estava abalada, deteriorou-se por completo. A partir de agora, os questionamentos sobre a falta de liquidez tendem a aumentar por causa das possíveis complicações em conseguir novos empréstimos e honrar as dívidas já existentes. Apesar do provável aumento do fluxo de caixa operacional em 2015 – devido aos reajustes dos preços de gasolina e diesel - os valores não devem suprir os recursos de fundos de pensão que deverão ser retirados da empresa caso outra agência também reduza a nota de risco.
No curto prazo, a piora na situação da principal empresa do país provoca efeitos multiplicadores sobre uma série de setores da economia brasileira, levando a uma revisão para baixo das expectativas de crescimento da atividade. O rebaixamento da Petrobras coloca em xeque o rating soberano. Caso seja necessária uma nova capitalização da companhia, via Tesouro, os ajustes fiscais esperados estarão comprometidos, aumentando consideravelmente a possibilidade do país perder seu grau de investimento.