Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A resposta chinesa à Grande Recessão de 2009 pode se tornar um pesadelo. O crédito para empresas e entes governamentais aumentou exponencialmente para não permitir o desemprego no estouro da bolha americana. O crédito total corporativo saltou de 23,9 trilhões de remnimbis em 2007 para 64,4 trilhões em 2012! Agora veio a ressaca, com a dificuldade dos bancos em receber os empréstimos de volta. Um sistema paralelo de obtenção de créditos, sem passar pelos bancos, também se agigantou, criando um passivo corporativo que, somadas as posições credoras dos bancos e não-bancos, encosta em 200% do PIB.

Entre os BRICs, a China é hoje a economia com maior alavancagem em crédito corporativo. A relação entre capital próprio e de terceiros saltou 33% desde 2007 e, hoje, o endividamento compõe 104% do capital próprio das empresas chinesas. Na comparação, segue o Brasil, com 91%. No Brasil, o avanço desde 2007 foi de 20%. Depois a Índia, onde as dívidas corporativas são 77% do capital próprio. Apenas na África do Sul se registra uma redução do grau de exposição a empréstimos. Em algumas economias, empréstimos foram tomados em moeda estrangeira, agravando a condição de pagamento de juros e principal, diante da maciça desvalorização de suas moedas em meses recentes. Condição semelhante a 1997-98, durante a crise asiática de crédito. O FMI teve que montar grandes operações de socorro e o aperto financeiro afetou o PIB da região e do mundo por dois anos. Desta vez, a China faz parte da ressaca do crédito fácil, complicando o cenário de 2014.

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