Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A ausência de decisões de vulto na reunião de São Petersburgo, reunindo o G-20, acaba por revelar que o polo das ansiedades migrou dos países maduros para as economias emergentes. O Brasil se comprometeu com os demais BRICs a formar um fundo de US$100 bilhões, em duas etapas, para defender suas moedas de ataques especulativos e, eventualmente, fomentar o comércio entre esses países. O fundo ainda está no papel, à espera de definição mais consistente, revelando, porém, a preocupação dos emergentes com o fim da bonança que embalou as exportações de commodities no período difícil para os países avançados. A alta de juros em curso, endossada pelo FED, mereceu o repúdio dos emergentes, pelos efeitos devastadores que o dinheiro mais caro poderá provocar.
A saída não está em protestar contra o ajuste dos juros mundiais, até porque nunca foram tão baixos. O ajuste é de volta à normalidade, não para prejudicar emergentes. Mas essa alta de juros exigirá mais eficiência e criatividade de quem exporta. É o que a China tem feito, ao aumentar seu fluxo de comércio com o MERCOSUL, Nafta e Aladi, como aponta estudo do IEDI, hoje divulgado. Enquanto isso, o “aproveitamento de oportunidades”, pelo Brasil, nesse comércio regional, foi negativo, ao involuir de 38,5% do total por nós exportado, em 2008, para 32, atualmente. Se o Brasil perde competitividade a olhos vistos não será com mais protecionismo que resolverá essa questão. No entanto, nossa diplomacia deu um tiro n’água em São Petersburgo ao endossar moção da Argentina, que pedira retirada de apoio ao livre comércio no documento final de um evento que, afinal, terminou como começou.
Ed.265