Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A onda de protestos que tomou o País avança em direções mais perigosas esta semana, com notícias de interrupção de tráfego em 23 rodovias de nove estados brasileiros no dia de ontem. As Centrais Sindicais não ligadas ao PT também aproveitam para surfar agora a onda de reivindicações espontâneas para convocar uma greve geral para o dia 11. Com isso, cresce o risco objetivo de interrupções, embora pontuais, no suprimento de mercadorias em pontos estratégicos da produção nacional. O sentimento do consumidor brasileiro é igualmente afetado por essa sensação de insegurança que se espalha, agora sem o contraponto do ruído positivo e ufanista da mídia sobre a Copa que vencemos domingo.
É importante antecipar e rever alguns indicadores correntes de consumo e produção deste 2º semestre. O ritmo do varejo em junho foi afetado e os números de julho mostrarão a mesma tendência regressiva provavelmente instalada por vários meses à frente. Cada produto ou serviço tem reação distinta dos consumidores, mas os de demanda mais flexível ou elástica sofrerão de imediato, inclusive nas áreas de serviços, cuja inflação setorial vinha pressionando mais. A arrecadação fiscal dos estados também recuará para território negativo, comprometendo o atendimento visível e pronto das demandas que surgem nos protestos. O refluxo geral dos indicadores econômicos deságua necessariamente na perda de pontos de popularidade do governo Dilma, independente do que faça ou diga a presidente neste momento.
Ed.218