A decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros em mais 0,50 p.p. em sua última reunião, aparentemente, não surtiu efeito sobre as expectativas dos analistas de mercado para a taxa de inflação. Mesmo com a manutenção do tom firme da autoridade monetária, a projeção para a inflação passou de 8,46% para 8,79% no relatório Focus de hoje, mostrando que o resultado do IPCA de maio, muito acima do esperado, foi decisivo para as projeções do mercado.
Sem sucesso no combate da inflação no curto prazo, mesmo depois de reconquistar parte de sua credibilidade, uma coisa é certa, a política monetária é restritiva e o esperado é que se mantenha assim por mais algum tempo. Uma política contracionista compromete o desempenho da economia e, nesse caso, também o cumprimento da meta fiscal.
Com a economia em marcha a ré, aumenta a dificuldade de se cumprir as metas de arrecadação para o ano, uma vez que os primeiros meses já nos mostraram quedas constantes nas receitas. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento acreditam que só será possível reverter esse quadro com aumentos significativos de impostos. Ou seja, mais pressão recessiva sobre empresas e consumidores.
Mas está mais complicado ajustar a economia neste momento, com consumo e crédito em queda. Preços elevados e aumento de impostos reduzem significativamente a renda disponível e as intenções de consumo, inibindo os investimentos e derrubando a arrecadação. O círculo vicioso está montado. E a melhor saída para rompê-lo ainda parece ser a manutenção do próprio ajuste, mesmo que dure mais tempo do que o desejado.