Por Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores
A não aceitação na noite de ontem, pelos Democratas, da proposta apresentada pelo Partido Republicano de elevar o teto da dívida, provisoriamente manteve o impasse orçamentário nos EUA. A Casa Branca sugere uma medida de longo prazo enquanto tenta passar o orçamento fiscal de 2014. Alguns indicadores já começam a sinalizar os efeitos da paralisação de cerca de 800 mil funcionários. Ontem, o Departamento de Estatística do FED divulgou que o número de pedidos de seguro-desemprego registrou alta de 66 mil na semana passada, atingindo 374 mil. A expectativa do mercado era de uma alta de apenas 4 mil.
A forte contração dos gastos do governo norte-americano deverá afetar o dinamismo da economia real neste último trimestre. O quanto ainda não se sabe. Segundo estimativa da IHS Inc., cada semana de paralisação gera uma perda de pelo menos US$ 1,6 bilhões no produto da economia. Além do tempo de duração, outra dúvida é se o governo norte-americano irá compensar seus funcionários retroagindo seus rendimentos durante este período. Em 1995, ano de registro do último “shutdown”, os 21 dias de paralisação levaram a uma queda de 14,2% do consumo do governo (em termos anuais) e uma perda estimada de cerca de 1 p.p no crescimento geral da economia. Dado este cenário, o fim do programa de compra de títulos públicos deve ficar somente para 2014, o que também depende dos rumos que a nova diretoria do FED tomar. Caso a indicação de Janet Yellen seja aprovada pelo Senado, a tendência é que o afrouxamento monetário leve mais tempo para cessar. Se o crescimento da economia mundial em 2013 já não era dos melhores, tal indefinição acarretará um resultado ainda pior.
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