Por Thiago Custódio Biscuola / José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores
O superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) foi de apenas 0,57% do PIB em julho, pior resultado para o mês desde 2010. O resultado acumulado em 12 meses atingiu 1,91% do PIB, ainda muito longe da meta perseguida pelo governo que é de 2,3% para este ano. As despesas com juros somaram R$ 23,3 bilhões, maior nível desde o início da série em 2002. Em 12 meses encerrados em julho, os gastos com os juros nominais alcançaram 4,91% do PIB. Com este resultado, o déficit nominal (superávit primário após pagamento de juros) aumentou para 3,0% do PIB em 12 meses. Ainda a pressionar os números está a situação das estatais federais e estaduais: de um superávit nominal de R$ 450,3 milhões em julho de 2012, elas passaram a um déficit nominal de R$ 264 milhões.
A perspectiva de um maior aperto monetário ainda este ano, com a elevação da taxa SELIC até o patamar de 9,5% a.a em dezembro de 2013, pressionará ainda mais os gastos com juros. A política fiscal expansionista deve se intensificar mais ainda em 2014 com as eleições, ampliando a necessidade de financiamento da máquina pública via emissão de títulos. Cenário externo ainda adverso somado aos diversos gargalos que assombram a competitividade da economia brasileira deve resultar em um crescimento econômico abaixo dos 4% esperados pelo Governo Dilma em 2014. A recomposição das contas públicas parece improvável. Nada indica que as receitas do Tesouro, da Previdência e do Banco Central superem as despesas.
Ed.263