Por Bruna Martins e Yan Cattani, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC
Segundo Nota de Setor Externo divulgada hoje pelo Banco Central (BC), o Balanço de Pagamentos (BP) registrou superávit de US$$ 10,8 bilhões no acumulado em 2014, ante déficit de US$ 5,9 bilhões em 2013. O BP é um instrumento contábil e financeiro dos países, responsável pelo registro de todas as transações de residentes e não residentes no país, demonstrando, portanto, o fluxo de transações de um país para com o resto do mundo.
O péssimo desempenho da conta corrente nos últimos meses do ano deve-se principalmente ao resultado da piora da Balança Comercial (responsável por contabilizar a entrada e saída de bens e serviços para o país), que passou de um superávit de US$ 2,4 bilhões em 2013 para um déficit de US$ 3,9 bilhões em 2014. Em outras palavras, passamos a importar mais em valores financeiros do que exportar. Este resultado foi diretamente influenciado pelo recuo da demanda dos preços das commodities internacionais - dificultando nossas exportações - e também pela prolongada política de valorização do real ante o dólar, fato que além de impulsionar as importações, também contribuía para aliviar a inflação.
Já o grande trunfo brasileiro ocorreu na Conta Capital e Financeira, especificamente devido ao fluxo de capitais de Investimento Estrangeiro Direto (IED), assegurando desta maneira o resultado superavitário para o BP. Mesmo diminuindo em relação a 2013 (recuou US$ 1,5 bilhões, atingindo atuais US$ 62,5 bilhões), o IED continua sendo o principal contribuinte para o resultado positivo do setor externo.
Apesar do resultado morno do BP, para 2015 o cenário deverá ser melhor. A atual política de desvalorização do câmbio alinha-se às políticas monetária e fiscal que o governo adotou para retomada de confiança na economia. A não interferência no câmbio, além de não agir contra as decisões sobre juros, também dá maior fôlego ao setor produtivo, especialmente às indústrias que ficaram abaladas pela recente onda de importações, que as deixaram menos competitivas no mercado interno. As três políticas - cambial, fiscal e monetária – parecem apontar, finalmente, para a mesma direção.