Bruna Martins/Yan Cattani
O primeiro relatório Focus de 2016, divulgado hoje pelo Banco Central, apresentou uma expectativa de retração econômica de 2,95% para este ano. Será que mais uma vez os analistas estão sendo otimistas? Ou podemos contar com um pouco de pessimismo?
As projeções do mercado que são divulgadas semanalmente neste relatório nos mostraram que nos últimos 5 anos os analistas foram preponderantemente otimistas em suas previsões. Comparando as expectativas do relatório no início de cada ano para o Produto Interno Bruto (PIB) com os dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nota-se que 2010 foi o último ano em que as projeções foram subestimadas. Desde então os resultados oficiais ficaram bem aquém das expectativas. No início de 2015, por exemplo, esperava-se um crescimento da economia brasileira de 0,5%, sendo que a provável variação do PIB já se aproxima de -3,5%.
Este ano já começou bastante adverso: o mercado já espera nova retração na economia, a Selic mantém-se em patamar elevado e a inflação continua com expectativa de romper o teto da meta. Ou seja, 2016 tem grandes chances de ser um ano ainda pior do que o esperado.
Apesar das más condições de todos indicadores, é um cenário econômico bastante semelhante ao vivenciado no começo de 2015, quando se esperava um arranjo das políticas monetária e fiscal contracionistas. Em um ambiente ainda muito incerto, é cedo para avaliarmos se os agentes econômicos permanecem otimistas, mas já é certeira a conclusão de que se não for intensificado o ritmo dos ajustes, a efetividade destas medidas será nula.