Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores
Um acordo de livre comércio entre União Europeia e Canadá foi concluído na última sexta-feira. O pacto foi possível após acerto sobre questões agrícolas. Pelo acordo, a cota para o Canadá exportar carne bovina para UE passará das atuais 11.500 toneladas, com tarifa de 20%, para 50 mil toneladas livres de tarifa. As exportações de carne suína passam das atuais 4.600 mil toneladas para 81 mil toneladas sem tarifa. Em contrapartida, a UE terá 30 mil toneladas de queijo no Canadá sem tarifa, ampliação das exportações de vinhos e outros produtos agrícolas processados, além de carros de luxo.
O Brasil perde dos dois lados. De um lado, a UE já avisara ao Mercosul que, no caso de fazer antes acordo com o Canadá e EUA, teria menos cotas a oferecer aos produtores de carne do Mercosul, alegando que não têm capacidade infinita de abertura de seu mercado agrícola. Do lado do Canadá, pesam dúvidas sobre as intenções do Mercosul. Não é para menos. Em recente reunião em Montevidéu, os negociadores argentinos informaram que sua oferta de abertura de mercado nas negociações entre Mercosul e União Europeia ainda não está pronta e se recusaram a dar um prazo para que isso ocorra. Essa demora tem provocado mal-estar nos outros membros do bloco. O acordo UE-Canadá afetará as exportações brasileiras e sinaliza crescentes dificuldades para o Brasil no comércio internacional.
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