Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores
A indústria brasileira registrou em janeiro crescimento de 2,9% frente ao dezembro anterior. Essa reação frente ao mês anterior ainda acumula, no entanto, variação em doze meses de apenas 0,5%. A leitura do comportamento da indústria neste janeiro fica mais fraca se comparada com janeiro de 2013: uma queda de 2,4%. O dado mais confiável do ritmo da indústria costuma ser a média móvel do trimestre encerrado no último mês de observação, no caso janeiro. Este indicador médio, em relação a dezembro, caiu 0,5%, apontando uma fraqueza persistente dos principais ramos e segmentos: em bens intermediários, a queda foi de 0,5%; em bens de consumo não duráveis, o índice recuou 0,4% frente a dezembro e, nos duráveis, recuou 0,2%. Compensou esta queda o segmento de bens de capitais, empurrado pela retomada propiciada pelo ajuste cambial.
As estimativas inicialmente conservadoras sobre a indústria ao longo deste ano ganharam mais força após os dados apresentados em janeiro. Já podemos apontar que a indústria brasileira, se repetir o desempenho modesto de 2013, “vai sair no lucro” este ano. Há fatores diversos conspirando contra a repetição até mesmo do desempenho do ano passado. O principal é o choque de custos, sobretudo salarial, que ainda pesa contra o patamar competitivo da maioria dos segmentos industriais brasileiros. O fator adjacente vem dos reajustes de preços nos segmentos de base. Em terceiro lugar, mas não menos importante, é o choque de custos da energia no mercado à vista, criando incertezas até quanto à regularidade do suprimento nos próximos meses. O racionamento é uma clara possibilidade em 2014. Por último, é bom ponderar que, pela primeira vez em muitos anos, a renda disponível do consumidor não crescerá substancialmente, deixando a indústria na expectativa de buscar clientes no exterior, outro desafio difícil, já que as desvalorizações do real são compensadas pelas de outros emergentes.
Ed.378