A fraca atividade do comércio é reflexo direto do mau momento econômico. Dentre diversas variáveis que colaboram para este desempenho ruim, a inflação tem sido um dos fenômenos mais determinantes para degradação da confiança na economia. Isso ocorre porque a elevação de preços prejudica de forma considerável o poder de compra dos consumidores, que cada vez menos se dispõem a consumir.
A queda de atividade do setor já era esperada pelo mercado desde fins de 2014, quando ficou nítida a desaceleração do setor. Contudo, a diminuição das vendas reais no comércio tem sido bastante drástica e surpreendido os agentes econômicos, gerando uma onda de revisões negativas nas projeções para resultado consolidado de 2015. De fato, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada hoje pelo IBGE, o volume de vendas no varejo restrito caiu 0,5% em setembro, na análise mensal dos dados dessazonalizados, sendo a 8ª queda mensal consecutiva do indicador. Para o acumulado de 2015 a retração é de 3,3%, contra o mesmo período do ano passado, enquanto no conceito ampliado a queda já atinge 7,4%. Ou seja, não haverá nenhuma novidade caso observemos neste ano resultados de retração de 3,5% e 8% - no conceito restrito e ampliado respectivamente.
Sem dúvida, o pior resultado histórico já registrado pela PMC está bastante ligado não somente aos aspectos macroeconômicos já citados, mas também aos de ordem microeconômica. Um dos fatores condicionantes recai sobre uma análise do perfil do consumidor, que cada vez mais tem diminuído assiduidade nas compras e reduzido também o valor médio de seu consumo.
Conforme mostrado em um recente estudo elaborado pela Boa Vista SCPC, a disposição a consumir reduziu-se de forma significativa no último ano. O Indicador de Propensão ao Consumo desde setembro de 2014 mostrava-nos uma queda contínua dessa intenção de compras do consumidor, que caiu de um valor 99,1 pontos para atuais 93,2 pontos (setembro de 2015). A expressiva redução do indicador, que tem como intuito mostrar o lado da demanda do comércio, evidencia um comportamento bastante aderente ao fluxo de vendas reais do varejo do indicador oficial do IBGE. É uma nova variável a ser observada com atenção.