Saltou de 56% para 73%, na comparação entre o 1º semestre de 2018 com o 1º semestre de 2019, o percentual de consumidores inadimplentes que estão com mais de 50% da renda comprometida com o pagamento de dívidas (vencidas ou não), segundo Pesquisa Perfil do Consumidor Inadimplente, da Boa Vista, com abrangência nacional, realizada nos seis primeiros meses deste ano.
O crescimento de 17 pontos percentuais (p.p) no comprometimento da renda dos consumidores representa, na análise dos economistas da Boa Vista, a dificuldade que o brasileiro tem encontrado de pagar as suas contas, muito por causa de fatores como o endividamento elevado, a queda da renda, as altas taxas de desemprego e subutilização da mão de obra.
Ainda de acordo com a pesquisa, consumidores que estão com 25% até 50% da renda comprometida no 1º semestre de 2019 somam 20%. Outros 7% estão com até 25%. No mesmo período do ano passado eram 28% e 16%, respectivamente. Na imagem a seguir é possível conferir a evolução da série histórica:
Endividamento
Cresceu de 37% para 43% a parcela dos inadimplentes que se diz muito endividada. Os que alegam estar mais ou menos endividados representam 27% (contra 33% no 1ºSem18). Os que dizem estar um pouco endividados somam 28% e os que não têm dívidas somam 2%. No 1º semestre de 2018 esses percentuais foram de 31% e 1%, respectivamente.
Quando questionados sobre como estão pagando as contas, 83% disseram estar com dificuldades de manter as contas em dia contra 81% dos respondentes no 1º semestre de 2018.
Antes de serem negativados, 33% dos consumidores com restrição informaram que chegaram a procurar ajuda nos bancos. Outros 26%, de parentes e familiares, 25% em financeiras e 16% com amigos ou colegas. Em média, seis em cada 100 conseguiram a ajuda esperada (principalmente com parentes e familiares) para quitar a pendência antes de ter o seu nome negativado.
Ainda de acordo com a pesquisa da Boa Vista, 45% dos consumidores têm dívidas de até R$ 3.000. Sendo que destes, 17% possuem dívidas de até R$ 1.000 (contra 32% do 1º semestre de 2018), e 28% dívidas com valores acima de R$ 1.000 até R$ 3.000 (contra 34% do 1º semestre de 2018). Outros 20% têm dívidas entre R$ 3.000 a R$ 5.000.
No 1º semestre de 2019, o percentual de consumidores com dívidas acima de R$ 5.000 aumentou em comparação ao mesmo semestre de 2018 (crescimento de 17p.p.), de 18% para 35%. Percebe-se também que quanto maior o volume de dívidas, maior o valor devido (para 70% dos consumidores que possuem cinco contas ou mais, a soma das dívidas ultrapassa R$ 5.000).
Ficou com o nome sujo por quê?
Dentre os motivos que levaram à inadimplência, 33% dos consumidores alegaram na pesquisa da Boa Vista que o principal motivo foi o desemprego. Em segundo lugar, com 23% das menções, a diminuição da renda e a consequente impossibilidade de honrar todos os compromissos financeiros. Em terceiro lugar o descontrole financeiro (19%) e, em quarto lugar, o empréstimo do nome (12%). Logo em seguida foram citados como causa da inadimplência, despesas extras com saúde e educação (10%) e o atraso no recebimento de salário (3%). A imagem a seguir tem os detalhes:
A pesquisa identificou ainda que 14% dos consumidores conseguirão pagar as dívidas que geraram a restrição num prazo menor do que 30 dias. 34%, por sua vez, entre 30 e 90 dias. 23% entre 90 e 180 dias e 29% vão levar mais de 180 dias para pagar as contas que estão atrasadas.
Em relação ao total de devedores, 36% dos que pretendem pagar irão quitar o valor total devido. Outros 64% irão pagar após a tentativa de renegociação ou obtenção de desconto no valor devido.
O link a seguir contém o infográfico que ilustra de modo geral estes dados. Acesse!
Metodologia
Cerca de mil pessoas, em todo o Brasil, responderam à pesquisa Perfil do Consumidor Inadimplente realizada por meio de questionário eletrônico, ao longo do 1º semestre de 2019, pela Boa Vista. Seus objetivos: identificar as reais condições do consumidor em honrar com seus compromissos financeiros; medir o nível de endividamento e o comprometimento da renda com o pagamento das contas. Os resultados consideram 2% de margem de erro e 95% de grau de confiança.